Sunday, October 13, 2002

resumo da temporada de Formula 1 de 2002 - opinião do BOI

Não vou enganar vocês com um resumo meia-boca sobre a PIOR corrida da temporada. Mesmo porque todo mundo sabia que estes dois simpáticos rapazes à direita da sua tela chegariam nas duas primeiras posições. Só o que há a se comentar sobre a medíocre corrida em Suzuka é a lamentável batida de Felipe Massa logo na terceira volta. Na situação em que ele está, negociando com as equipes e tal, era a pior coisa que podia acontecer. E, claro, temos que abrir espaço [ui!] para Takuma Sato que pareceu bastante feliz com seu quinto lugar obtido no quintal da sua casa.

Tá, eu só vi as 15 primeiras voltas, depois dormi. Imagina se eu não fosse o fã de F-1 ferrenho que sou...

O ano foi de todo ruim? Até que não. Todos reclamam que a categoria está chata mas esquecem as boas corridas em Hockenheim, Silverstone e, por que não, Áustria. A decisão do campeonato a seis corridas do fim foi uma bosta mesmo, mas fazer o quê? Era pro Kimi Raikkonen ter ganho aquela corrida [França] mas teve o óleo do Mika Salo em seu caminho e a sorte filha da puta do Alemão, que vinha atrás dele... Para mim, o campeonato acabou antes da primeira curva da corrida da Austrália, naquela batida entre os, talvez, dois concorrentes diretos do Michael, Ralf e Barrichello. E se o Barrichello ganha aquela? Ok, "se" não existe em automobilismo, já dizia o velho ditado. Os "sês" foram a tônica do campeonato. E "se" o Ralf atacasse o irmão feito homem, nas voltas finais da corrida do Brasil? E "se" o Barrichello não tivesse tido problemas [estranhos, diga-se] umas N vezes?

"O quê? Você nunca viu o carro do alemão ficar na largada por problemas que podemos citar como: eletrônicos, engate da primeira marcha, falha no sistema de largada, este programa executou um erro e será fechado, diferentes panes no sistema hidráulico? Não se aborreça e nem fique de saco cheio, eu também não vi, mas digamos que isto seja inerente ao carro do segundo piloto e que ele, Rubens, está mais sujeito à tal lei de Murphy (...) que o alemão."
- Edgard Mello Filho.

Que a Formula 1 está em crise, todo mundo já sabe, mas com certeza não é por causa da Ferrari. Não foram os caras de vermelho que mutilaram Silverstone, Interlagos, Hockenheim e Zeltweg ou impuseram ao calendário traçados ridículos e sem graça, como Hungaroring e Sepang, "em nome da segurança". Mais uma vez lembro o acidente de Takuma Sato na Áustria, onde ele quase morreu com um semi-eixo do carro de Nick Heidfeld atravessado no cérebro.

Os cartolas, hoje burocratas de uma pseudo-segurança, deixaram a F-1 chegar ao estado de semi-letargia que está. E são os mesmos cartolas que fizeram vistas grossas à morte de Elio De Angelis em 1986 e ao acidente espetacular que acabou com a carreira de Martin Donnelly em 1990. Estes dois acidentes - que pra quem conhece F-1 sabe que eu desenterrei do fundo do baú - foram os prenúncios dos acidentes de Senna, Wendlinger e Ratzemberger, que desencadearam uma espécie de "cruzada pela segurança" por parte da FIA, e que em 1994 chegou ao cúmulo de construir chicanes provisórias em quase todos os circuitos [incluindo uma na curva Eau Rouge, a mais famosa da F-1, localizada em Spa, na Bélgica].

As limitações impostas aos recursos aerodinâmicos - lembrem-se, "em nome da segurança" - hoje impedem que um carro pegue um simples vácuo em seu adversário pela posição, praticamente anulando qualquer possibilidade de ultrapassagem entre carros que sejam parecidos em trechos de retas mais curtos. Os pneus com sulcos e essa regra besta de "trocar de lado na pista apenas uma vez numa disputa de posição", ajudam a foder com as boas corridas que queremos ver. Exemplo prático: a famosa disputa entre Gilles Villeneuve e René Arnoux em Dijion '79, onde eles trocavam de posição e fechavam um ao outro milhares de vezes. Aquilo seria impossível nos dias de hoje.

Mas convenhamos que a culpa não é 100% da FIA. Faltam pilotos com colhões também. Caras como Juan Pablo Montoya, Nigel Mansell e Nelson Piquet, que se arriscam pra fazer o espetáculo e ganhar milésimos de segundo. Hoje em dia, quase todos os pilotos parecem ser umas frangas malditas que têm medo de ultrapassar. Por falar em pilotos, tive uma idéia.



TOP 10 PILOTOS 2002

01. Michael Schumacher
Alguma pergunta?

02. Rubens Barrichello
Melhor temporada que já fez na vida.

03. Juan Pablo Montoya
Só por aquela ultrapassagem da Alemanha no Raikkonen já merecia ser o 1º.

04. Kimi Raikkonen
Só por aquela ultrapassagem da Hungria no Montoya já merecia ser o 1º.

05. Jacques Villeneuve
Por ter conseguido pontuar com uma BAR por méritos próprios.

06. Nick Heidfeld
Merece muito mais uma Mclaren do que uns veteranos por aí...

07. Mark Webber
Por ter conseguido fazer alguma coisa com aquela carroça.

08. Giancarlo Fisichella
Merece muito mais uma Williams do que certos ex-companheiros de equipe...

09. Jenson Button
Seu futuro na BAR não me parece muito promissor. Esperemos, pois.

10. Enrique Bernoldi
Correu muito no pelotão intermediário. Quem viu, viu.


Em particular aos números de Michael Schumacher e seu pentacampeonato:

"Pilotos de épocas diferentes, Jim Clark dividirá por muito tempo com Ayrton Senna a opinião dos maiores especialistas do automobilismo mundial, sobre quem foi o melhor piloto de todos os tempos, porque o maior continua sendo o argentino Juan Manuel Fangio"
- Homero Benevides.

Cristiano Da Matta e a Toyota ainda são uma incógnita mas são a maior novidade no que diz respeito ao cast para 2003. A única esperança de vermos um campeonato mais disputado reside em 3 hipóteses: a Williams fazendo o foguete que prometeu para 2002, a Mclaren resurgir das cinzas ou que algum raio parta o carro de Michael Schumacher em dois, já que o F2003 vem sendo comentado pelos projetistas como "ainda melhor" que o F2002. Um carro perfeito, enfim. Mas prefiro ver um campeonato chato a ver alguma daquelas regras ridículas que mr. Mosley e mr. Ecclestone propuseram em vigor. Que Blah os ilumine e que mantenham meu esporte preferido vivo. Amém.